As luzes são acessas, o palco continua amarelo. Com um terno e cartola amarelo, Narrador1 vai andando e narrando (Amarela está triste, num canto):
Amarela e a sua cara tensa, pálida,
Mostra qual a potência do ardor
Somada ao ódio –descuido do amor–
Que torna a vida, a cada dia, válida.
Se existe desespero equivalente
Ao dela, ela mesma bate o recorde
Sofrendo igual rainha que perdeu o lorde,
Fervendo a cabeça no gelo quente.
Quando Amarela deixou para trás
A sua casa, um lar, lá na Primavera,
Era agosto havia injetado quimera,
E com Azul partiu o broto da paz.
Nesse momento, a personagem Azul começa a surgir. Ele estava aos pés de Amarela numa posição que ninguém o enxergava. A medida que o Narrador1 vai falando, Azul vai aparecendo, mas Amarela continua indiferente, triste. Com isso, Azul vai se desgarrando e saindo em outra direção.
Só que Azul é um distinto anti-ético,
Portanto, Amarela se engana ao amá-lo
No compasso análogo ao dispensá-lo,
Pois ele comporta-se tal como um simples inseto.
Narrador1 tirou o casaco, está com uma camisa verde. A personagem Verde aparece, é uma criança. Larga o pai, Azul o estava levando embora, e grita “mamãe”. Vai em direção à Amarela. Narrador1 fala:
Visto que o Verde já não mais pegava,
Amarela, triste, frustrada e má,
Sentiu o gosto cru da música em Lá
Composta pelo surdo que passava.
O que fazia acabar tão logo o amor
Do esperma pelo óvulo maduro?
Crescia a agonia de ser mãe no futuro,
Mas acabou e restou-lhe o choro e a dor.
Aos prantos, com Verde segurando sua mão e alisando seu cabelo, ergue a cabeça. Verde vai embora, andando de costas, como se fosse um aborto. Amarela, decidida, enxuga as lágrimas e vai em direção a Azul. Ele está enrolado com Preta. Narrador1 acompanha o movimento dizendo:
Queria saber o porquê do final
Procurou entender e chocou-se de frente
Com um contato sólido e permanente
Entre Azul e Preta num bacanal.
Amarela fica atônita, chocada, paralisada com a mão na boca. Abaixa a cabeça e retorna, enquanto o Narrador1 acompanha:
Foi o fim de Amarela e na aquarela
Era na cor de lágrimas sua casa.
E as outras cores em coro avisavam:
Todas as outras cores fazem o coro:
És tola, inflamada amiga Amarela!
Mas Amarela retorna, beija os pés de Preta, Preta também alcança os pés de Amarela, e fazem um yin, yang. Enquanto Azul observa e ri descaradamente como um sortudo. As luzes se apagam, focam apenas nos três. O Narrador1 concluindo encerra:
Para ela, Preta agora era uma deusa.
Após conquistar seu apogeu da vida,
O Azul, essa cor cretina e querida,
Que um dia compartilhou com sua leveza.
Talvez por idolatrá-la no além,
Amarela e Preta, por tão absurdas,
E por mais que a um mero seus tons iludam,
São um par de cores que se dão bem.
Apagam-se as luzes.
Amarela e a sua cara tensa, pálida,
Mostra qual a potência do ardor
Somada ao ódio –descuido do amor–
Que torna a vida, a cada dia, válida.
Se existe desespero equivalente
Ao dela, ela mesma bate o recorde
Sofrendo igual rainha que perdeu o lorde,
Fervendo a cabeça no gelo quente.
Quando Amarela deixou para trás
A sua casa, um lar, lá na Primavera,
Era agosto havia injetado quimera,
E com Azul partiu o broto da paz.
Nesse momento, a personagem Azul começa a surgir. Ele estava aos pés de Amarela numa posição que ninguém o enxergava. A medida que o Narrador1 vai falando, Azul vai aparecendo, mas Amarela continua indiferente, triste. Com isso, Azul vai se desgarrando e saindo em outra direção.
Só que Azul é um distinto anti-ético,
Portanto, Amarela se engana ao amá-lo
No compasso análogo ao dispensá-lo,
Pois ele comporta-se tal como um simples inseto.
Narrador1 tirou o casaco, está com uma camisa verde. A personagem Verde aparece, é uma criança. Larga o pai, Azul o estava levando embora, e grita “mamãe”. Vai em direção à Amarela. Narrador1 fala:
Visto que o Verde já não mais pegava,
Amarela, triste, frustrada e má,
Sentiu o gosto cru da música em Lá
Composta pelo surdo que passava.
O que fazia acabar tão logo o amor
Do esperma pelo óvulo maduro?
Crescia a agonia de ser mãe no futuro,
Mas acabou e restou-lhe o choro e a dor.
Aos prantos, com Verde segurando sua mão e alisando seu cabelo, ergue a cabeça. Verde vai embora, andando de costas, como se fosse um aborto. Amarela, decidida, enxuga as lágrimas e vai em direção a Azul. Ele está enrolado com Preta. Narrador1 acompanha o movimento dizendo:
Queria saber o porquê do final
Procurou entender e chocou-se de frente
Com um contato sólido e permanente
Entre Azul e Preta num bacanal.
Amarela fica atônita, chocada, paralisada com a mão na boca. Abaixa a cabeça e retorna, enquanto o Narrador1 acompanha:
Foi o fim de Amarela e na aquarela
Era na cor de lágrimas sua casa.
E as outras cores em coro avisavam:
Todas as outras cores fazem o coro:
És tola, inflamada amiga Amarela!
Mas Amarela retorna, beija os pés de Preta, Preta também alcança os pés de Amarela, e fazem um yin, yang. Enquanto Azul observa e ri descaradamente como um sortudo. As luzes se apagam, focam apenas nos três. O Narrador1 concluindo encerra:
Para ela, Preta agora era uma deusa.
Após conquistar seu apogeu da vida,
O Azul, essa cor cretina e querida,
Que um dia compartilhou com sua leveza.
Talvez por idolatrá-la no além,
Amarela e Preta, por tão absurdas,
E por mais que a um mero seus tons iludam,
São um par de cores que se dão bem.
Apagam-se as luzes.
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