sexta-feira, 10 de abril de 2009

4° ATO - Parte II

Azul está no chão a dar convulsões, misturadas a momentos de gozo. Vermelha, está a sair de perto de Azul, como que assustada. Vai de frente ao espelho e cresce. Narrador1 entra de terno cor de rosa e uma sombrinha tipo Penélope. Narra com uma voz efeminada.

Conteve-se Vermelha com um susto.
Ela, que tudo quer, vê no recado
Mais um simples, mísero, apaixonado.
E de frente ao reflexo ergue o seu busto.


Vermelha senta em frente à penteadeira, passa batom, cremes, maquiagens. Está confusa, olha-se no espelho. O Narrador1 está fazendo massagem nas suas costas e dizendo:

Mas algo a deixava muito confusa
Por mais cretino que seja, era autêntico
O que Azul lhe declarou, tão idêntico
Ao que sua artimanha na verdade usa.


Vermelha, então, sente um cheiro no ar. Uma fumaça vermelha é disparada. Ela se alegra e pula. O Narrador1 se afasta e fala:

Da hipnose cromática era exalado
O exalar de uma fragrância sangüínea,
E no olhar uma forma retilínea
Continha só a fumaça do pecado.


Narrador1, enquanto fala, dá as costas à Vermelha e vai em direção à Azul, que se debate no chão. Vermelha pega o chicote e começa a chicotear o ar, como se estivesse a acertar em Azul (mas de longe).

Vermelha tinha um ar de possessiva.
Azul sabia, mas queria, a desejava.
Não era paixão, mas ejaculava
Quando ela então se exaltava agressiva.


No final da fala do Narrador1, Azul se levanta para xingar Vermelha.

Através de sua postura e conduta,
Nas quais não se importa com aparências,
Ria do pudor e suas deficiências
Ao chamá-la: meretriz, prostituta!


Vermelha dá um largo sorriso de desprezo e solta um super-arroto em direção à Azul, que sai de cena desesperado, caindo, feito louco, banido.

E com Azul foi um caso muito escroto,
Ficou na tela um Roxo meio esquisito.
Vermelha disse: foi bom é bem quisto,
E dispensou Azul com um largo arroto.


Vermelha volta e deita-se na cama, rindo e em vias de dormir. Aparece a tela com um olho roxo (alguém segura a tela, por isso é uma personagem) e corta o palco. Vermelha começa a ter pesadelos. É projetado imagens de demônios. Ela vai ficando trêmula e estranha. O Narrador1 fala em tom fúnebre:

Vermelha sempre tinha um pesadelo
Via-se no fim, bem lá no meio do inferno.
Um ser sorria, era escarlate o seu terno,
Horrível sua face e ruivo o cabelo.


Vermelha levanta-se agitada, alegre, olha para a parede onde um retângulo branco é projetado. Tem velas queimando por todos os lados. Vermelha vai em direção ao retângulo. Branco surge novamente, deitado aos pés de Vermelha, como que implorando,querendo avisá-la. Ela chuta Branco, como se estivesse querendo se livrar daquele incômodo e fica a acariciar o retângulo. O Narrador1 retoma a voz efeminada e diz:

Mas um dia acordou e sentiu-se energética,
Viu Branco num out-door e numa tela.
Quis possuí-lo como queima-se a vela.
Mas Branco advertia do erro na genética.

Assim desabrochou a flor amorosa.
Mas Branco ia sentindo-se um pouco estranho,
E Vermelha emergia todo seu assanho
Resultando um sexo tom cor-de-rosa.


Encerra com, ora Vermelha pegando Branco por trás, ora Branco pegando ela. O Narrador1 vai deixando o palco indiferente à relação. As luzem se apagam.

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